Meu celular, minha vida. Qual o limite ? 


O local era o aeroporto de Salvador. Eu estava muito cansado (um voo de onze horas e outro de seis até que eu chegasse ali). Fome e sono pareciam competir dentro de mim. O que vou narrar é a mais pura verdade. A natureza me fez um chamado leve e eu atendi. Ao chegar ao banheiro, como sempre faço por proteção contínua, passei a mão no bolso traseiro e uma tragédia se anunciou ali. Eu havia perdido o meu aparelho celular. Toma distraído!

 

Uma sensação de frio invadiu e percorreu o osso central da minha coluna. Esta sensação é rápida e estranha. Ela apavora silenciosamente. A última vez que eu havia experimentado tal coisa foi quando meus implantes dentários se afrouxaram (e por fim caíram) dentro de um restaurante que devia ter umas quatrocentas pessoas. Naquela, eu também estava longe de casa. Ou seja, quando este friozinho infernal vem, é porque algo de muito grave acaba de acontecer.

E agora? — pensei. Documentos, comprovação de check-in, um pouco de dinheiro, cartões, senhas bancárias, fotos e uma rede de contatos que agrupa gente de quase todos os continentes. É como se minha vida estivesse ali. Até minha família estava.

Saí pelo aeroporto perguntando pelo tal aparelho. Ninguém havia visto minha droga — ou melhor, meu aparelho. O pavor se instalava. As perguntas internas não paravam:

— E agora?

— Como vou sair desse lugar?

— Será que serei zoado pelo resto da vida por isso?

— Como é que se liga a cobrar hoje em dia?

Saí andando desconsolado, como se ao fundo tocasse aquela musiquinha triste dos episódios do programa Chaves. Voltei a me sentar no lugar onde eu estava antes e, olhando para o lado, eis que, em uma cadeira azul, lá estava ele sozinho. O bendito celular não tinha ido a lugar nenhum. Ou será maldito? Só sei que gritei: ACHEEEEEEI! Graças a Deus, era madrugada e havia pouca gente ali.

Sim, eu admito que sou dependente desta coisa. A maioria de nós deveria fazer o mesmo. Diante desta constatação brutal, um cristão do século XXI deveria se perguntar: ATÉ ONDE ISTO VAI FAZER PARTE DA MINHA VIDA?

Está na hora de nos impormos limites. Porque esta droga que nos dominou a quase todos traz muitas consequências e implicações espirituais. Comecemos pelas reuniões cristãs públicas que chamamos de culto. Alguns não conseguem resistir à tentação de acessarem o dito cujo aparelho durante aqueles noventa minutos. Quer saber minha opinião? Eis que te digo: É BREGA, MAL-EDUCADO, INSENSÍVEL, FEIO E INCONTINENTE.  
 

O mal hábito de ficar acompanhando o que se passa no mundo inteiro quando nós mesmos consideramos aquele como momento sagrado. Nesse particular, sejam meus imitadores. Acho que um católico sincero tem muito mais respeito pela missa dele. Ele simplesmente chamaria isso de sacrilégio. E o é.

Para além do culto (se é que pode ser chamado assim), há outras áreas de atenção, às quais mencionarei levemente.

FINANÇAS. Vive endividado por causa do bendito aparelho? Como diria Michel Temer, tem que rever isso daí.

RELACIONAMENTOS. Seus relacionamentos pessoais têm sido prejudicados? Chiiiii! É caso de análise profunda e arrependimento.

PRIORIDADES. O celular está roubando todas, incluindo a vida devocional diária? Até mesmo o sexo? Tá amarrado! E como diria Miguel, o profeta mirim: Que continue amarrado!

PORNOGRAFIA. Bem, isso vai danificar uma parte do seu sistema de pensamento e de outras áreas da vida. Acho que você já sabe, então busque ajuda. É um vício destruidor.

Gosto da ideia de um jejum tecnológico, ou seja, um período sem o uso do bendito. Nunca me impus um. Porém, as idas à zona rural funcionam pra mim como se fossem. O problema é que até lá a coisa já chegou. Nunca a frase USE COM MODERAÇÃO fez tanto sentido. Em todo caso, USE COM MODERAÇÃO E SABEDORIA!

 

Pr. Marcos Lopes

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